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Foto do escritorRejane Bins

Santo André, o primeiro que foi chamado.


Nesta nossa série sobre os apóstolos de Jesus Cristo, hoje vamos nos deter em André, irmão de Pedro e, como ele, pescador. Chama a atenção que não se trata de um nome hebraico ou aramaico, mas grego, o que revela alguma abertura cultural em sua família. Talvez porque, na Galileia, onde ele nasceu, a língua e a cultura grega estivessem bastante presentes. Nas listas que os evangelistas nos apresentam dos apóstolos, está entre os primeiros lugares. Certamente gozava de grande consideração nas primeiras comunidades cristãs.



Antes de ser discípulo de Jesus, André já seguira João, e ouvira o Batista proclamar Jesus como o Cordeiro de Deus. Era um homem que buscava e queria conhecer Deus, como se pode concluir.



Apontado por João o Cordeiro, André e um outro discípulo cujo nome não conhecemos seguiram Jesus, viram onde morava e permaneceram com Ele aquele dia.



Seu espírito apostólico também era grande, pois, tendo conhecido Jesus, logo foi dizer ao irmão, Simão, que tinha encontrado o Messias. Foi o primeiro a ser chamado para seguir Jesus. Quando Lhe perguntou onde morava, Jesus respondeu: Vinde e vede. Por isso, a Igreja Bizantina o chama de Protóclito, que significa o primeiro chamado.



Seu nome é mencionado em mais ocasiões nos evangelhos.



A primeira é a da multiplicação dos pães na Galileia, quando referiu a Jesus a presença de um menino que tinha 5 pães e 2 peixes. Realista, percebeu que esses recursos eram mínimos, mas acabou vendo o milagre do Cristo.



A segunda ocasião foi em Jerusalém, quando estavam todos saindo da cidade e um discípulo mostrou a Jesus a grandiosidade dos muros do Templo. Ouvindo que dele não restaria pedra sobre pedra, narra a Escritura que André, Pedro, Tiago e João indagaram do Senhor quando isso ocorreria. A resposta foi o discurso de Jesus sobre a destruição de Jerusalém e o fim do mundo. Esse acontecimento nos permite refletir que nunca devemos ter receio de fazer perguntas a Jesus e simultaneamente, devemos estar preparados para aceitar seus ensinamentos, mesmo que surpreendentes ou difíceis.



A terceira ocasião também acontece em Jerusalém, pouco antes da Paixão, quando uns gregos pedem a intervenção de André junto a Jesus, porque ele deveria falar o grego. Serve, com Filipe, como mediador e intérprete. Jesus indica que é chegada a hora da glorificação do Filho do Homem, ensinando que, se o grão de trigo que cai na terra não morrer, não dará fruto. Indiretamente Jesus está dizendo que Seu encontro com os gregos ocorrerá, mas não como uma conversa simples e sim quando se tornar o pão da vida para o mundo, luz para todos os povos e culturas, por Sua paixão, morte e ressurreição. Esse encontro com o mundo grego logo virá, e este se sentirá atraído, como quando o grão de trigo atrai a si as forças do céu e da Terra, a chuva e o sol, e se torna pão.



André permaneceu apóstolo para o mundo grego pelo resto de sua vida, até ser crucificado em Patras, na Grécia, em uma cruz em diagonal, em forma de X, conhecida como cruz de Santo André. Depois de açoitado e ensanguentado, teria proferido as seguintes palavras nessa hora:



“Ó Cruz belíssima, que foste glorificada pelo contato que tiveste com o Corpo de Cristo! Grande Cruz, docemente desejada, ardentemente amada, sempre procurada, e afinal preparada para meu coração apressado, desejoso de ti.”
“Cruz preparada para o meu coração, desejoso de ti, recolhe-me, ó cruz! Realmente abraça-me, retira-me dos homens, leva-me depressa, diligentemente, ao Mestre. Por ti Ele me receberá, Ele que por ti me resgatou.”
“Senhor, Rei Eterno da glória, recebei-me assim pendido como estou ao madeiro, à Cruz tão doce. Vós sois meu Deus, Vós a quem vi. Não permitais que me desliguem da Cruz; fazei isto por mim, Senhor, que conheci a virtude da Vossa Santa Cruz.”


E com estas palavras expirou.



Vemos sua espiritualidade cristã profunda. André conhece o sofrimento, pois refletiu incontáveis vezes sobre a Paixão de Nosso Senhor, que vira acontecer. Ele vê a cruz não tanto como instrumento de tortura, porém como meio de semelhança a Jesus. De fato, nossas cruzes adquirem valor se as considerarmos e aceitarmos como parte da cruz de Cristo.



André nos ensina a seguir Jesus com prontidão, falar dEle com entusiasmo e cultivar com o Cristo uma verdadeira relação de familiaridade e intimidade, sabendo que somente nEle encontramos o sentido último de nossa existência.



Deus o abençoe!


 

FONTE: Audiência geral do Papa Bento XVI, 14.06.2006. Disponível em:

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